Por Alex Rabelo – Jornalista e Analista Político
O deputado estadual Júlio Campos (União Brasil) voltou a acender o debate sobre o futuro do Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, após duas tentativas de leilão fracassarem sem receber sequer um lance. Com a recente inauguração do Hospital Central, pelo Governo do Estado, o parlamentar teme que a Santa Casa — uma instituição quase tricentenária e historicamente fundamental para a saúde pública — seja abandonada e perca sua função social, especialmente na área de oncologia, um dos atendimentos mais sensíveis para a população de baixa renda.
Segundo Júlio, não há justificativa para que o governo protele uma solução. Ele afirma que Mato Grosso vive um período de robustez fiscal, com arrecadação recorde, o que permitiria ao Estado assumir o hospital sem comprometer o orçamento.
“O governo tem dinheiro; não podemos abandonar um patrimônio histórico”
Em entrevista à imprensa, Júlio foi direto:
“Não é porque inaugurou o Hospital Central, uma obra belíssima que merece aplausos, que vamos esquecer a bandeira do não fechamento da Santa Casa.
Queremos a continuidade da Santa Casa. Não pode um patrimônio histórico ser abandonado num Estado rico. Pessoas humildes precisam da oncologia, não pode fechar cinco ou seis centros cirúrgicos.”
A fala do deputado reflete um sentimento compartilhado por profissionais da saúde, pacientes e lideranças comunitárias que temem perder uma unidade tradicional, responsável por milhares de atendimentos ao longo de décadas.
Parcerias para salvar a Santa Casa
Júlio Campos também defendeu que a solução pode vir por meio de parcerias entre município, Estado, União e até planos de saúde, garantindo sustentabilidade financeira e preservando a função social da instituição.
“O que está lá pode ser continuado, seja parceria municipal, estadual ou federal. Não podem demolir. É uma área tombada como patrimônio. Falta diálogo e bom senso. O Mauro é turrão, mas no final ele acerta. Por que não acertar com planos de saúde?”
Leilões fracassados e impasse jurídico
Desde setembro, duas tentativas de leilão foram realizadas:
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Primeira avaliação: R$ 78,2 milhões
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Segunda avaliação: R$ 39,1 milhões
Nenhum interessado apresentou proposta, mesmo com prioridade de compra garantida à União, ao Governo de Mato Grosso e à Prefeitura de Cuiabá.
O prédio permanece sob responsabilidade do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), por conta de dívidas trabalhistas da antiga administração. Por ser patrimônio tombado, não pode ter sua fachada modificada ou ser demolido, o que reforça a necessidade de preservação e reutilização adequada.
Importância social e risco de apagamento histórico
A Santa Casa é mais que um prédio: representa 300 anos de história, formação de profissionais, atendimento beneficente e contribuição direta à saúde da população mais vulnerável.
Em um momento em que o Estado registra alta demanda por serviços oncológicos, emergenciais e cirúrgicos, perder uma estrutura consolidada seria, segundo especialistas, um retrocesso irreparável.
A fala de Júlio e sua importância para toda a sociedade
O posicionamento firme de Júlio Campos ganha peso pela sua experiência e pela defesa constante da Santa Casa ao longo de décadas. Sua cobrança não é apenas política — é um alerta público:
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sobre responsabilidade histórica,
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sobre preservação da memória da saúde mato-grossense,
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e sobre o dever do Estado em garantir atendimento a quem mais precisa.
A discussão não trata apenas de patrimônio, mas de vidas.
A Santa Casa não pode virar ruína ou depósito de histórias esquecidas — como ressalta Júlio, “o governo tem dinheiro; falta decisão.”














