As negociações para uma possível federação entre o Republicanos e o MDB começaram a repercutir em Mato Grosso, onde as duas siglas representam lados opostos no tabuleiro político estadual. De um lado, o Republicanos integra a base do governo Mauro Mendes (União Brasil), tendo como principal nome o vice-governador Otaviano Pivetta. Do outro, o MDB é liderado no estado pela deputada Janaína Riva, hoje uma das vozes mais firmes da oposição a Mauro.
Durante coletiva recente, Pivetta confirmou que o assunto tem sido discutido nacionalmente, mas reforçou que as tratativas ainda estão em fase inicial.
“Eu tenho a mesma informação que vocês. Tudo está em conversas”, disse o vice-governador, demonstrando cautela diante da possível aliança com a sigla da maior adversária política do seu grupo em Mato Grosso.
Apesar de minimizar o impacto imediato, ele disse esperar ser consultado caso a federação avance:
“Se isso acontecer, espero receber a notícia a tempo de dar minha opinião. Aí vamos avaliar o cenário.”
Aliança improvável?
A eventual união entre Republicanos e MDB pode gerar um cenário de desconforto político em Mato Grosso, já que colocaria no mesmo bloco a base do governo Mauro Mendes e sua principal opositora na Assembleia Legislativa.
Janaína Riva, deputada de forte atuação e presença constante nas redes sociais e na imprensa, tem feito duras críticas à atual gestão estadual — principalmente em áreas como saúde, segurança pública e transparência administrativa. Nos bastidores, aliados de ambos os lados avaliam que a federação poderia criar um ambiente politicamente instável no Estado.
Tentativas frustradas e bastidores
Pivetta também lembrou que o Republicanos já havia tentado compor uma federação com o PP e o União Brasil, mas que a articulação não avançou.
“Acabou não acontecendo. O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, só segue com essas conversas se houver unanimidade entre os 44 deputados federais do partido. Se não houver consenso, ele recua.”
Pivetta critica excesso de partidos e polarização
Durante a entrevista, o vice-governador ainda comentou sobre o cenário político nacional. Para ele, o Brasil sofre com o excesso de legendas e com uma polarização ideológica recente e pouco produtiva.
“Nos criamos vendo o PT contra o PSDB, que pareciam muito diferentes, mas no fim das contas eram parecidos. A Constituição de 1988 permitiu a criação de muitos partidos, e isso acabou atrapalhando. Em países desenvolvidos, há quatro ou cinco partidos fortes. Aqui passamos de 30.”