Em uma sessão marcada por tensão, articulação política e forte presença dos servidores do Judiciário, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) aprovou, na manhã desta quarta-feira (19), em segunda votação, o projeto de lei que concede reajuste salarial de 6,8% aos servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
O tema abriu o grande expediente e dominou a pauta da Casa. As galerias ficaram completamente lotadas, com servidores que acompanharam cada passo da votação — que já vinha se arrastando desde outubro.
A primeira votação ocorreu no dia 22 de outubro.
Semanas de conflito entre governo e parlamentares
A aprovação encerra um dos mais intensos confrontos recentes entre o governo Mauro Mendes (União Brasil) e a Assembleia. O Executivo atuou firmemente nos bastidores para impedir o reajuste, alegando risco ao equilíbrio das contas públicas.
Durante semanas, deputados ligados ao governo utilizaram o mecanismo de pedido de vistas para adiar o avanço da matéria. O movimento irritou servidores e desgastou a própria base aliada.
Ao abrir a sessão desta quarta, o presidente da Assembleia, Max Russi (PSB), foi direto:
“Não cabem mais pedidos de vistas.”
Com essa declaração, Max encerrou a principal ferramenta usada para travar o projeto.
Última manobra foi neutralizada por articulação interna
Ainda havia uma possibilidade: o sobrestamento, recurso que paralisa todas as votações enquanto houver vetos pendentes.
Prevendo a estratégia, Max Russi articulou antecipadamente com deputados governistas e com a Casa Civil para evitar que o pedido chegasse à mesa.
E funcionou.
“A base não usou esse instrumento e a Casa Civil também não. Muitos não entenderiam esse movimento, que poderia trancar a pauta e impedir a votação deste projeto”, disse Max, ao justificar o acordo.
Sem mecanismos de obstrução, a votação foi imediata — e rápida.
Governo tentou barrar reajuste com discurso fiscal
O governador Mauro Mendes atuou contra o reajuste, afirmando que o aumento poderia comprometer o equilíbrio fiscal do Estado.
Sua posição foi reforçada pela Portaria nº 165/2025, publicada em 11 de novembro, que:
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determinou o contingenciamento de R$ 852,2 milhões no Executivo;
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reforçou a narrativa de austeridade;
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serviu como argumento para tentar impedir o avanço do reajuste.
Mesmo assim, a maioria dos parlamentares se posicionou ao lado dos servidores.
O que está em jogo
A aprovação do reajuste:
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demonstra a força do Judiciário e sua capacidade de mobilização;
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expõe um desgaste real entre o Executivo e parte da sua própria base na Assembleia;
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mostra que o presidente Max Russi conseguiu administrar a pressão política e conduzir a votação sem rupturas.
Agora, o projeto segue para sanção ou veto do governador, que tem 15 dias para decidir.














