O vereador Daniel Monteiro (Republicanos) voltou a se destacar como uma das vozes mais firmes — e solitárias — no enfrentamento à gestão do prefeito Abílio Brunini (PL) na Câmara de Cuiabá. Em entrevista concedida nesta quinta-feira (11), o parlamentar fez uma avaliação dura sobre o primeiro ano do governo, classificado por ele como “desperdiçado”, mas reforçou que sua cobrança não é pessoal, e sim dirigida a uma administração que, segundo ele, acumula justificativas, conflitos e promessas, mas ainda não entregou resultados concretos à população.
Monteiro, que costuma ser criterioso e técnico em suas análises, recorreu à frase de Ariano Suassuna para explicar sua visão: prefere ser um “realista esperançoso”. Nesse espírito, disse que 2025 foi um ano perdido, marcado por brigas públicas, polêmicas, frases de efeito, confrontos desnecessários e muita lacração, em vez de projetos e ações.
“Muita polêmica, muita lacração e pouca entrega. Esse primeiro ano foi desperdiçado. Mas acredito que, se ele ouvir mais, se descer do palanque e trocar alguns puxa-sacos por pessoas preparadas, ainda dá tempo de salvar o mandato”, afirmou.
Crítica firme, mas com responsabilidade
O vereador reforçou que sua posição não é motivada por rivalidade ou torcida contra o prefeito. Pelo contrário, ressaltou que a má gestão prejudica todos os cuiabanos — inclusive ele.
“Eu sofro com os buracos, com a educação que não emancipa e com a saúde que é uma tragédia. Não quero que o Abílio dê errado. Quero que dê certo. Mas tem que fazer tudo diferente no ano que vem”, disse.
Monteiro lembrou, ainda, que quando era vereador, o próprio Abilio adotou postura de “quanto pior, melhor”, o que agora, segundo ele, retorna como consequência para o atual prefeito.
Republicanos se movimenta: críticas internas se acumulam
As declarações de Monteiro reforçam um clima crescente de insatisfação dentro do Republicanos. Na semana passada, a vereadora Maysa Leão já havia feito críticas contundentes à condução da Prefeitura.
Ela acusou o prefeito de governar baseado em discursos para viralizar nas redes sociais, mostrando, segundo ela, “despreparo emocional e incapacidade de gestão”. Maysa citou como exemplo a fala polêmica em que Abilio afirmou que não sentaria com o presidente Lula — atitude que, segundo a vereadora, tem custado recursos importantes para Cuiabá.
“No outro dia ele diz que não tem dinheiro para pagar folha, para fazer Natal, para reformar praça. Mas também não busca o governo federal. O dinheiro é do povo cuiabano”, enfatizou.
Em um dos trechos mais fortes, Maysa chamou o prefeito de “moleque” ao criticar vídeos de Abilio participando de corridas pelas ruas:
“Como uma empresa séria vai investir em Cuiabá se tem um moleque disputando corrida enquanto a cidade está suja e abandonada?”
Para ela, o primeiro ano confirmou um prefeito sem maturidade para liderar a capital:
“O retrovisor agora é Abílio Brunini.”
Enfrentamento técnico, não pessoal
Com discursos alinhados, Daniel Monteiro e Maysa Leão têm sido as principais vozes que cobram postura, planejamento, entrega e responsabilidade da gestão Abilio.
Monteiro, porém, faz questão de frisar: não é ataque, é fiscalização.
E insiste na possibilidade de recuperação:
“Se houver humildade, troca de equipe e compromisso verdadeiro com Cuiabá, ainda há salvação para este governo.”
Uma avaliação dura, mas alinhada ao sentimento crescente de parte da população que cobra menos discurso e mais ação.














