Dados da SEFAZ-MT e Fecomércio mostram que comércio e serviços respondem por mais de 60% da arrecadação de tributos, sustentando obras e investimentos, enquanto o agronegócio conta com regimes especiais que reduzem sua carga tributária
Mato Grosso é líder nacional na produção de soja, milho, carne e algodão. O agronegócio é, sem dúvida, motor do PIB e símbolo de prosperidade econômica. Mas, quando o assunto é arrecadação de tributos, quem sustenta a maior parte da receita pública é o varejo — o comércio e os serviços, que transformam produção em consumo e garantem que o dinheiro entre efetivamente nos cofres do Estado.
Segundo dados da SEFAZ-MT e da Fecomércio-MT, o comércio e os serviços são responsáveis por 62,6% de toda a arrecadação de tributos em Mato Grosso — mais de R$ 10 bilhões em determinado período recente. Já o agronegócio responde por cerca de 50% a 51% do ICMS estadual em séries históricas, mas com forte presença de incentivos e regimes fiscais especiais que reduzem sua contribuição efetiva.
📌 Fontes: SEFAZ-MT – Boletins da Receita Pública (link oficial) | Fecomércio-MT – Impostômetro e levantamentos setoriais
Os incentivos do agronegócio
O agronegócio em Mato Grosso conta com uma série de benefícios fiscais que reduzem a carga tributária, entre eles:
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Exportações isentas de ICMS – Pela Lei Kandir, produtos primários e semielaborados não recolhem ICMS na exportação.
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Créditos outorgados – Regimes como o PRODEIC permitem que empresas do agro utilizem créditos presumidos para reduzir o valor efetivo pago de imposto.
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Incentivos a cadeias específicas – Carne bovina, algodão, soja e milho recebem benefícios diferenciados em programas estaduais de estímulo, que reduzem a base de cálculo ou concedem reduções na alíquota.
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Regimes especiais de apuração – Algumas operações do agro contam com diferimento do ICMS (pagamento postergado), isenções parciais ou alíquota zero em determinados casos.
Isso faz com que, embora o setor movimente cifras bilionárias e responda por metade do ICMS “teórico”, o volume líquido arrecadado seja menor do que o impacto econômico do agro no PIB.
O varejo: menos incentivos, mais peso na arrecadação
Diferente do agro, o comércio e os serviços têm poucos incentivos fiscais. Isso significa que o setor arca de forma mais direta com a carga tributária, sustentando a arrecadação cotidiana do Estado.
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O ICMS é consolidado na venda final — quando o consumidor compra em supermercados, farmácias, postos de combustíveis, lojas ou serviços, o imposto é imediatamente recolhido.
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O varejo gera fluxo contínuo de arrecadação, todos os dias, em milhões de notas fiscais eletrônicas (NFC-e).
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O setor responde por mais de 60% da carga tributária total recolhida em Mato Grosso, de acordo com a Fecomércio-MT.
Em resumo: enquanto o agro é beneficiado por regimes fiscais que reduzem sua carga, o varejo não tem a mesma proteção e acaba sobrecarregado na contribuição.
Comparativo direto: Agro x Varejo em MT
| Aspecto | Agronegócio | Varejo / Serviços |
|---|---|---|
| Peso no ICMS | ~50% da arrecadação estadual (séries SEFAZ) | ~62,6% dos tributos totais pagos (Fecomércio) |
| Incentivos fiscais | Exportações sem ICMS (Lei Kandir), PRODEIC, créditos outorgados, diferimento, regimes especiais | Poucos incentivos; paga a carga de forma direta |
| Fluxo de arrecadação | Sazonal, ligado a safra, clima e câmbio | Diário e constante, em cada venda no comércio |
| Impacto econômico | Impulsiona PIB e exportações | Gera empregos urbanos, circulação de renda e arrecadação local |
| Efeito social | Riqueza concentrada no campo | Espalha riqueza para todas as cidades do estado |
O empresário varejista: sustentando o Estado
O comércio é o elo que liga a produção ao consumidor. Cada venda realizada representa um imposto recolhido que volta para a sociedade em forma de escolas, hospitais, estradas e infraestrutura.
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Cada loja aberta gera empregos, movimenta fornecedores e fortalece a arrecadação municipal (ISS) e estadual (ICMS).
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O empresário varejista é quem mantém o Estado funcionando diariamente, sem depender de sazonalidades.
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É também no comércio que se sente o reflexo imediato da economia: quando a renda sobe, o consumo cresce e a arrecadação aumenta.
O agronegócio é forte, competitivo e estratégico — mas opera com incentivos fiscais robustos que reduzem sua contribuição líquida de impostos. Já o varejo, com menos incentivos, garante a maior fatia da arrecadação direta, carregando o peso da máquina pública nas costas.
Valorizar o comércio e os serviços significa reconhecer que é esse setor que transforma produção em impostos e garante os recursos que sustentam Mato Grosso.
Cada nota fiscal emitida no varejo é mais que uma transação comercial: é um tijolo em uma escola, um leito em um hospital e um quilômetro de estrada pavimentada.
📌 Fonte oficial: Secretaria de Fazenda de MT – Boletins da Receita Pública
📌 Fonte complementar: Fecomércio-MT – Impostômetro e estudos setoriais














