O clima entre o MDB e o Palácio Paiaguás azedou de vez. O presidente estadual da legenda, ex-deputado federal Carlos Bezerra, rompeu oficialmente com o governador Mauro Mendes (União Brasil), de quem foi aliado desde a eleição de 2018. Em entrevista, Bezerra fez críticas contundentes à condução do governo, especialmente no que diz respeito às políticas sociais.
“A questão social é mais importante que ponte e asfalto”, disparou Bezerra, afirmando que o atual governo tem priorizado obras de infraestrutura enquanto abandonou a agenda social que, segundo ele, deveria ser o foco central da administração.
“Nos enxotaram do governo”, diz Bezerra
Carlos Bezerra não poupou palavras ao descrever o tratamento recebido pelo MDB dentro da estrutura de governo. Segundo ele, a sigla esperava ocupar duas secretarias, mas terminou sem nenhuma. A última pasta sob comando emedebista, a Secretaria de Agricultura Familiar, foi retirada da legenda após denúncias e reestruturações.
“Era pra ter duas secretarias, tinha uma… e essa uma que nós tínhamos, foram me enxotando dela”, reclamou o líder partidário, sem citar nomes diretamente, mas sugerindo que o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) teve papel fundamental na exclusão do MDB da gestão.
“Não sei se é ele ou se é o vice dele, que é um cara complicado”, ironizou Bezerra, em alusão à influência de Pivetta nas decisões de governo.
Distanciamento à vista da sucessão de 2026
O rompimento ocorre em um momento delicado: às vésperas das articulações para a eleição estadual de 2026. Bezerra sinaliza que a cúpula do MDB não se sente mais representada pelo governo Mauro Mendes, embora deputados da legenda ainda integrem a base aliada na Assembleia Legislativa.
Entre os nomes citados estão os deputados estaduais Dr. João, Thiago Silva e Juca do Guaraná, que seguem mantendo alinhamento com o Executivo. Ainda assim, a fala do presidente do partido evidencia um racha interno entre a base institucional e os parlamentares da sigla.
Palácio Paiaguás rebate: “Não houve expulsão”
As críticas foram respondidas pelo secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia (União Brasil). Segundo ele, não houve “enxotamento” do MDB do governo, mas sim uma troca técnica na Secretaria de Agricultura Familiar devido a problemas de gestão.
“Foi isso que aconteceu, não houve expulsão do MDB”, garantiu Garcia.
Ele também destacou que o governo mantém diálogo constante com os deputados do MDB que seguem apoiando Mauro Mendes. “Temos muito respeito pelo partido. Conversamos frequentemente com Dr. João, Juca do Guaraná e outros membros”, afirmou.
Entre desconfianças e movimentações: MDB pode buscar novo rumo em 2026?
Com o afastamento cada vez mais claro entre a liderança emedebista e o governo Mauro Mendes, o cenário político para 2026 em Mato Grosso ganha novos contornos. A relação institucional entre partido e governo está em xeque, e as próximas decisões estratégicas da sigla poderão influenciar diretamente na construção de novas alianças para o futuro.
A dúvida que fica é: o MDB seguirá dividido ou buscará protagonismo com um projeto próprio para o Estado?














