A fala do deputado estadual Gilberto Cattani (PL) se tornou o principal ponto de tensão após o anúncio do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), de que irá iniciar a desapropriação da área do Contorno Leste para regularização fundiária. Em uma reação dura, Cattani comparou os ocupantes da região a “escudos humanos”, associando o caso a práticas do MST e do grupo Hamas — declaração que provocou forte repercussão política e social no estado.
A medida anunciada por Abilio foi protocolada após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garantiu a permanência temporária das famílias na área, impedindo uma desocupação em massa prevista há dois meses. O prefeito informou que protocolará nesta segunda-feira (1º) o pedido formal de desapropriação para iniciar a regularização.
Cattani critica Abilio e liga ocupantes a práticas de grupos extremistas
Nas redes sociais, Cattani adotou o tom mais incisivo entre os críticos. Ele afirmou que movimentos de invasão utilizam crianças, mulheres e idosos como proteção e classificou a decisão de Abilio como um “prêmio” a práticas criminosas.
O parlamentar também resgatou o assassinato de João Pinto, proprietário da área, ocorrido há alguns meses, reforçando que a família estaria sendo prejudicada.
“Todo grupo terrorista tem um escudo humano. O MST, o Hamas. Eles invadem propriedade, praticam terrorismo e colocam os mais vulneráveis na linha de frente. Agora querem regularizar para que passem o Natal tranquilos.”
“Eu fico pensando na família do João Pinto, assassinado a sangue frio dentro da sua propriedade. Os herdeiros estão sendo usurpados. Deus jamais vai apoiar injustiça. A injustiça é a invasão covarde da propriedade privada.”
— Gilberto Cattani, deputado estadual
A fala virou o centro do debate e dividiu opiniões entre apoiadores e críticos do parlamentar. Para aliados, Cattani defende a legalidade e o direito à propriedade. Já para opositores, o discurso intensifica o clima de polarização e ignora a situação de vulnerabilidade das famílias.
Fávaro elogia iniciativa e promete recursos federais
Em posição oposta, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), manifestou apoio à decisão de Abilio e destacou que a solução deve equilibrar a indenização dos proprietários e a permanência das famílias.
“Tem que garantir segurança jurídica aos donos das terras, mas também é muito difícil remover tantas pessoas que não têm para onde ir. O equilíbrio é regularizar e indenizar.”
Fávaro ainda afirmou que destinará emendas parlamentares para ajudar no pagamento da desapropriação e na estruturação da regularização fundiária.
Abilio reforça caráter humanitário da decisão
Durante reunião com moradores no domingo (30), Abilio justificou que a medida foi tomada por responsabilidade social e destacou os casos de vulnerabilidade encontrados na área.
“Por mais que o mais correto fosse devolver a terra aos proprietários, não podemos ignorar que essas famílias não têm para onde ir. Vamos separar o joio do trigo. A maioria é carente e precisa de paz para passar o fim de ano.”
O prefeito informou que enviará um projeto de lei para viabilizar a desapropriação e que ainda não recebeu nenhuma emenda parlamentar para custear o processo.
Famílias relatam vulnerabilidade extrema
Lideranças dos bairros Jardim Esperança 1 e 2 relataram situações graves durante a reunião:
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crianças com microcefalia e autismo;
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idosos sem atendimento regular;
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famílias que perderam renda;
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relatos de morte recente por falta de assistência;
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pessoas que investiram economias em moradias improvisadas.
A Prefeitura ainda não divulgou o cronograma oficial da regularização após a desapropriação.
Veja o Vídeo do Cattani:














