O brasileiro mal termina de respirar depois de um aumento, e já vem outro. A cesta básica encareceu mais de 10% em várias capitais, o quilo da carne virou item de luxo, tomate e arroz sumiram do carrinho, eletrodomésticos e eletrônicos dispararam além da inflação, e até o cimento está pesando na obra. Agora, como se não bastasse, vem aí mais um reajuste no combustível. Enquanto tudo sobe, o que continua parado – ou defasado – é o salário do trabalhador.
Nesta quarta-feira (25), o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) se reúne para analisar o aumento das misturas obrigatórias de biocombustíveis nos combustíveis fósseis. Isso pode significar mais um impacto direto nas bombas e, principalmente, no bolso do consumidor.
A proposta é elevar o teor de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% – podendo chegar a até 35% nos próximos anos – conforme determina a Lei do Combustível do Futuro, sancionada em 2024. Outro ponto da pauta é o acréscimo de biodiesel no diesel, subindo de 14% para 15% por litro, percentual que já deveria estar em vigor desde março deste ano.
⛽ A conta só aumenta
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a média da gasolina já ultrapassa R$ 6,00 em diversas regiões do Brasil, enquanto o diesel continua acima de R$ 5,80. Um novo reajuste nas misturas – mesmo que com base em critérios técnicos e sustentáveis – tende a aumentar os custos finais dos combustíveis, que já são um dos principais motores da inflação.
A decisão deve ser anunciada após a reunião do CNPE, que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e outras autoridades do setor energético. Em seguida, acontece o evento “O Combustível do Futuro Chegou”, para debater a transição energética do país e o papel dos biocombustíveis nesse processo.
Mato Grosso: produção em alta, mas preços continuam pesando
Mato Grosso está na liderança nacional quando se trata de produção de biocombustíveis. O estado é o maior produtor de etanol de milho do Brasil e o segundo maior produtor total, atrás apenas de São Paulo. Com um parque industrial altamente produtivo, são 13,3 milhões de toneladas de milho processadas, o que gera 5,6 bilhões de litros de etanol, somados a 1,1 bilhão de litros de etanol de cana, totalizando 6,7 bilhões de litros ao ano.
Apesar do protagonismo na produção, os benefícios não chegam ao consumidor final, que continua pagando caro pelo combustível, seja na capital ou no interior.
No segmento do biodiesel, os números também impressionam. Apenas nos dois primeiros meses de 2025, a produção em Mato Grosso cresceu 11%, alcançando 283 milhões de litros, segundo a ANP. A expansão também impulsionou o esmagamento de soja, que bateu recorde em 2024 com 12,6 milhões de toneladas processadas – um crescimento de 7,8% em relação ao ano anterior.
Biocombustíveis e o futuro: avanços para quem?
O Brasil vem avançando na matriz energética sustentável. Isso é inegável. Mas, enquanto o país ganha destaque na produção de energia limpa, a realidade nas bombas e nos supermercados continua sendo de aperto, preocupação e indignação.
A promessa de um “combustível do futuro” ainda não trouxe alívio para o presente. E o questionamento que ecoa nas ruas e postos é direto:
Se produzimos tanto, por que pagamos tanto? Deixe aqui seu comentario…














