A decisão do governo dos Estados Unidos de reduzir tarifas sobre produtos alimentícios, incluindo a carne bovina, deve abrir novas oportunidades para o setor pecuário mato-grossense. A medida revoga parte das sobretaxas adotadas em 2025 e tem como objetivo aliviar a pressão sobre os preços dos alimentos no mercado norte-americano.
Para Mato Grosso, o cenário é visto como estratégico. A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) avalia que a redução das tarifas aumenta a competitividade da carne brasileira e traz mais previsibilidade para as exportações.
“A pecuária mato-grossense comemora essa reversão de tarifas. Esperamos que esse novo cenário de diálogo contribua para ampliar exportações, consolidar parcerias e fortalecer o agronegócio regional, impulsionando o crescimento econômico para Mato Grosso e para o Brasil”, afirmou o superintendente da Famato, Cleiton Gauer.
Segundo a entidade, o fim da sobretaxa favorece a celebração de contratos mais longos e com prazos mais estáveis, fortalecendo a relação comercial entre os dois países.
Crescimento nas exportações
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que Mato Grosso segue como o maior produtor de carne bovina do Brasil e vem ampliando sua participação no mercado externo.
Entre janeiro e outubro de 2025, o volume exportado pelo Estado cresceu 35,19% em comparação com o mesmo período de 2024. Apenas em outubro, foram embarcadas 107,94 mil toneladas, gerando uma receita de aproximadamente US$ 462,82 milhões.
Segundo o Imea, o Estado também tem avançado na diversificação de mercados compradores, o que amplia o potencial de crescimento nas exportações.
Mais confinamento e produção em alta
A oferta de carne foi impulsionada pelo avanço da terminação em confinamento. No segundo trimestre, a intenção de confinamento atingiu 926,78 mil cabeças, e a estimativa mais recente aponta para 928,7 mil animais confinados em 2025, um crescimento de 4,05% em relação a 2024.
A valorização da arroba acima do custo do milho contribuiu para a melhora das margens dos pecuaristas, incentivando o investimento na produção.
Rebanho segue forte
Mesmo com um leve ajuste no tamanho do rebanho — estimado em 32,1 milhões de cabeças em 2025, com redução de 2,03% — Mato Grosso continua sendo o principal polo pecuário do país, conforme dados do Indea-MT. A queda está relacionada ao maior descarte de fêmeas nos últimos anos.
Credibilidade internacional
Para a Famato, o novo cenário tende a reforçar a confiança internacional na carne brasileira.
“Além de previsibilidade e mais competitividade para o setor, a decisão reforça a confiança no papel do Brasil, sobretudo de Mato Grosso, como fornecedor essencial para a segurança alimentar mundial”, destacou Cleiton Gauer.
A entidade também ressaltou que a carne mato-grossense atende aos mais altos padrões de sanidade, sustentabilidade e rastreabilidade, exigidos pelos mercados internacionais mais rigorosos.
Mais espaço no mercado global
Em nota técnica, o Imea destacou que Mato Grosso já está próximo de São Paulo no ranking nacional de exportações e enxerga grande potencial de crescimento. Caso a redução tarifária nos EUA seja mantida, o Estado poderá ampliar ainda mais sua participação nas vendas externas do Brasil.














