Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chega à pré-campanha presidencial de 2026 como fruto de uma construção política de duas décadas — mas também como herdeiro legítimo de um movimento que moldou a direita brasileira recente. Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, figura que segue sendo um dos líderes mais influentes do país, Flávio foi projetado desde cedo ao núcleo do poder conservador, mas trilhou sua própria carreira, consolidando-se como liderança, articulador e agora como o nome escolhido para representar o bolsonarismo na eleição mais acirrada dos últimos anos.
A indicação feita diretamente por seu pai — hoje preso na Superintendência da Polícia Federal, mas ainda central no imaginário da direita — simboliza mais que confiança familiar. Representa uma transferência de capital político, de narrativa, de protagonismo e de responsabilidade.
É a coroação de uma trajetória que começa em 2002, passa por confrontos, polêmicas, embates ideológicos e evolui até a disputa pelo comando nacional.
Os primeiros passos de um nome que cresceria junto com a direita
Antes de alcançar a projeção nacional, Flávio teve uma formação marcada por áreas técnicas e jurídicas:
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técnico em eletrônica pela Escola Rezende Rammel
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bacharel em Direito pela Universidade Cândido Mendes
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pós-graduado em Ciência Política pela UFRJ
Ainda jovem, estagiou no Instituto Militar de Engenharia (IME) e na Defensoria Pública, atuando no Núcleo do Sistema Penitenciário — experiências que moldaram seus posicionamentos firmes sobre segurança pública, sistema carcerário e endurecimento penal.
Aos 21 anos, em 2002, foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro, tornando-se o mais jovem parlamentar da legislatura. Ali começava a construção de uma marca política própria.
A era Alerj: o nascimento de uma identidade conservadora
Durante quatro mandatos consecutivos, Flávio ocupou posições estratégicas em comissões de:
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Segurança Pública
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Defesa Civil
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Legislação Constitucional
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Direitos Humanos
Seu discurso — duro, combativo e repleto de posições ideológicas claras — se consolidou:
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defesa da redução da maioridade penal
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críticas a políticas assistencialistas
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combate à expansão de direitos que, segundo ele, gerariam “injustiças”
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oposição ao sistema de cotas raciais
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defesa de pautas de endurecimento penal e memória militar
Essa fase construiu o alicerce do que viria a ser, anos depois, o bolsonarismo organizado, com Flávio no centro das articulações no Rio.
A projeção e os episódios que ampliaram sua imagem nacional
Em 2016, ao disputar a prefeitura do Rio, Flávio mesmo sem vitória conquistou alta exposição, ajudou a impulsionar o nome da família na capital e consolidou seu papel como porta-voz do conservadorismo urbano. Episódios de confronto — como a troca de tiros envolvendo criminosos em 2016 — reforçaram seu discurso anticrime e sua imagem de firmeza.
A ascensão definitiva veio em 2018, quando foi eleito senador com mais de 4,3 milhões de votos, ao mesmo tempo em que seu pai assumia a Presidência da República. A partir desse momento, Flávio integrou o núcleo duro da direita no poder, ampliando seu alcance nacional.
No Senado, assumiu a Terceira Secretaria da Mesa Diretora e fortaleceu sua atuação em temas ligados a segurança, defesa e políticas institucionais.
A força do pai: o ex-presidente segue como maior avalista da direita
Não há como dissociar Flávio do papel que Jair Bolsonaro ocupa. Mesmo preso, o ex-presidente continua sendo:
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a maior liderança da direita brasileira
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o principal influenciador das bases conservadoras
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o referencial dos movimentos de rua
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a figura capaz de transferir votos em massa
Sua decisão de indicar Flávio para a disputa presidencial é estratégica:
mantém o comando do movimento dentro da família e garante continuidade ao bolsonarismo num momento de reorganização.
A direita, apesar das barreiras recentes — como prisões, investigações, judicialização e desarticulação momentânea — segue numerosa, engajada e ideologicamente fortalecida.
E 2026 promete ser o reencontro dessas bases com seu projeto de poder.
A pré-candidatura e o novo xadrez político
Ao anunciar sua pré-candidatura, Flávio afirmou ter recebido a missão diretamente do pai, em uma visita à Superintendência da Polícia Federal:
“Assumo a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação.”
O movimento mexeu também nas estratégias internas da direita.
Tarcísio de Freitas — até então o principal cotado por Bolsonaro — agora deve focar na reeleição em São Paulo, abrindo espaço para que Flávio concentre as atenções nacionais.
De herdeiro a protagonista: Flávio como nome competitivo para 2026
Flávio reúne elementos que o colocam entre os grandes nomes da disputa:
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trajetória política extensa e consistente
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forte ligação com o campo conservador
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preparo técnico e jurídico
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proximidade com o eleitorado do pai
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capacidade de articulação nacional
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presença constante nas discussões ideológicas mais acaloradas
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e o apoio do maior líder político da direita
Se a ascensão de Jair Bolsonaro em 2018 representou a ruptura, a de Flávio em 2026 pode representar a continuidade organizada da direita brasileira.
Mesmo enfrentando investigações, resistências políticas e um ambiente adverso, o bolsonarismo segue vivo — e tende a chegar mais forte em 2026 do que muitos imaginam.
o crescimento de Flávio é também o crescimento de um movimento
A jornada de Flávio Bolsonaro, do jovem deputado estadual ao centro da disputa presidencial, simboliza algo maior que sua trajetória pessoal.
Simboliza o esforço de uma direita que, mesmo pressionada, não perdeu força social, não perdeu voz e segue ampliando sua base.
E se há algo claro nos últimos meses é que:
a direita brasileira vem enfrentando barreiras, mas retorna ainda mais organizada, mobilizada e determinada para 2026 — e Flávio chega como uma das principais apostas para liderar esse movimento.














