O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), que durante anos construiu sua trajetória política criticando a gestão da saúde pública municipal, denunciando irregularidades e apontando corrupção, agora surpreende ao mudar o tom e defender uma gestão compartilhada com o Governo do Estado nos principais hospitais da capital.
Nesta terça-feira (29), Abilio afirmou que pretende abrir diálogo direto com o governador Mauro Mendes (União) para discutir uma parceria administrativa nos hospitais São Benedito e HMC (Hospital Municipal de Cuiabá). A declaração marca um momento emblemático para o prefeito que, até pouco tempo atrás, acusava a antiga gestão de incompetência e se dizia preparado para fazer diferente.
A proposta de dividir a gestão das unidades com o Estado, inclusive sugerindo que o Governo assuma integralmente os hospitais, foi recebida com ironia pelo governador, que reagiu dizendo que Abilio “não pode fugir de suas responsabilidades”.
Em nova declaração, o prefeito tentou amenizar a situação:
“O governador está certo, a responsabilidade é do município. Mas nossa provocação foi no sentido de mostrar que outros órgãos também já assumiram funções municipais antes.”
A mudança de postura chama atenção. Durante a campanha e nos primeiros meses de mandato, Abilio insistia que bastava “gestão, coragem e transparência” para resolver os problemas da saúde. Agora, o tom é outro. O prefeito justifica que o sistema está sobrecarregado e que a solução passa por uma ação conjunta entre Estado e Município.
“Antes, a regulação era 30% do município e 70% do Estado. Hoje é 100% do Estado”, pontuou, em referência ao controle de leitos.
Ele também lembrou que unidades como a Santa Casa, o Hospital Geral e o Hospital do Câncer foram assumidas pelo Estado ao longo dos anos, como argumento para defender o novo modelo.
Mesmo após a troca de farpas com o governador, Abilio garantiu estar aberto ao diálogo:
“Se ficar com o Estado ou com o município, pouco importa. O que precisa é de critério. E esses critérios de transparência vão nos ajudar a oferecer um serviço melhor para a população.”
A mudança de posicionamento já repercute nos bastidores políticos. A pergunta que fica é: onde foi parar aquele Abilio combativo que prometia fazer diferente sem depender de ninguém?















