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De rivais a aliados? Fávaro e Taques articulam possível reaproximação para 2026 em palanque de centro-esquerda

Antigos desafetos podem dividir o mesmo grupo político nas eleições do ano que vem; aliança seria estratégica para garantir base a Lula e viabilidade ao PSD e PSB em Mato Grosso

O cenário político de Mato Grosso para as eleições de 2026 começa a se redesenhar com movimentos surpreendentes. Um deles é a possível reaproximação entre o ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD) e o ex-governador Pedro Taques (sem partido) — rivais declarados desde 2018, mas que agora podem dividir o mesmo palanque em uma composição de centro-esquerda com apoio nacional do PSD, PSB e até do PT.

Fávaro, atualmente licenciado do Senado para ocupar cargo no governo Lula, trabalha nos bastidores pela manutenção de seu mandato em 2026. Já Taques, que está em rota de retorno à cena política, mantém diálogo avançado com o PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, com quem tem proximidade. Ambos têm algo em comum neste momento: o interesse em disputar posições estratégicas no cenário estadual e a necessidade de construir alianças viáveis.

De rompimento público à costura nos bastidores

O distanciamento entre Fávaro e Taques foi selado publicamente em abril de 2018, quando Fávaro renunciou ao cargo de vice-governador, temendo ser impedido de disputar o Senado por uma eventual “manobra” de Taques. À época, havia o temor de que o governador se ausentasse temporariamente do país, forçando a posse de Fávaro como governador e, assim, inviabilizando sua candidatura, conforme as regras eleitorais.

O rompimento foi profundo: Fávaro entregou todos os cargos do PSD no governo e os filiados que permaneceram foram expulsos da sigla. Em contrapartida, Taques o classificou publicamente como traidor.

Agora, passados seis anos, as divergências parecem dar lugar à conveniência eleitoral. O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente do PSB, Carlos Siqueira, atuam como interlocutores diretos para alinhar os dois líderes regionais em um mesmo projeto político. O foco principal seria construir um palanque forte para Lula em Mato Grosso, já visando a disputa presidencial.

Centro-esquerda em formação

Com o governador Mauro Mendes (União Brasil) caminhando para o fim de seu segundo mandato e sem candidato natural à sucessão, o espaço está aberto para a formação de uma frente de centro-esquerda que possa disputar o Governo do Estado em 2026. Para isso, o grupo precisa de um nome competitivo, com experiência e articulação.

O nome de Fávaro é tratado com prioridade nesse contexto. Além de ser ministro e ex-senador, tem trânsito tanto no agronegócio quanto nos bastidores de Brasília. Já Taques, embora sem mandato, tem força eleitoral e visibilidade acumulada, e vem se apresentando como voz crítica à atual gestão estadual — o que reforça sua intenção de voltar ao jogo eleitoral.

Um palanque improvável, mas possível

A eventual união entre Fávaro, Taques, PSB e PT seria impensável há alguns anos. Durante seus mandatos como senador e governador, Taques foi duramente criticado pelo PT e manteve relação conflituosa com lideranças de esquerda. No entanto, os ventos políticos mudaram — e os interesses convergem.

Fávaro pode oferecer a Taques a viabilidade partidária, enquanto Taques reforça o projeto com capital político regional e acesso a alas mais independentes do eleitorado. Além disso, o PT tende a priorizar a manutenção de cadeiras no Congresso e apoio nos estados-chave, e Mato Grosso se encaixa nessa estratégia.

Relembrando o histórico

A aliança entre os dois teve início em 2014, quando Taques se lançou ao governo e Fávaro, então presidente da Aprosoja, foi indicado como vice após a desistência de Eraí Maggi. Eleitos, entraram em rota de colisão após desentendimentos internos, divergências em colégios eleitorais e tensões ampliadas por denúncias e operações policiais que marcaram a gestão.

O ponto de ruptura foi a investigação da “grampolândia pantaneira”, que expôs escutas ilegais dentro do governo e levou Fávaro a se afastar definitivamente, com receio de estar entre os alvos da arapongagem.

O que está por vir

Com o xadrez político sendo montado, a definição de candidaturas deve ocorrer até o fim de 2025, e até lá o grupo de Fávaro, Taques, PSB, PSD e setores do PT deverá intensificar reuniões, articulações e sondagens.

Até lá, o eleitor mato-grossense acompanha com atenção os movimentos que podem colocar dois ex-rivais lado a lado, em nome de um novo projeto político — ou de velhas ambições atualizadas.

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Cuiabá-MT 16.12.2025 08:15

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