Por Alex Rabelo Jornalista e Analista Político
Atravessar a ponte entre Cuiabá e Várzea Grande revela duas realidades completamente diferentes no tratamento dado aos cargos de vice-prefeito. Enquanto a vice-prefeita de Cuiabá, Vânia Rosa (Novo), teve sua verba orçamentária zerada para 2026 sem sequer ser informada previamente, o vice-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaeli (PL), verá seu orçamento explodir em 286% no próximo ano.
Em Várzea Grande, mesmo após um ano marcado por atritos públicos entre a prefeita Flávia Moretti (PL) e Tião, a Lei Orçamentária Anual (LOA) destinou R$ 1.717.930 ao gabinete do vice em 2026. Em 2025, o valor estimado era de R$ 445 mil. A verba é destinada a ações administrativas e manutenção das atividades da vice-prefeitura.
O gabinete da prefeita também terá aumento, mas bem mais discreto: R$ 2.937.100 em 2026, menos de R$ 200 mil acima do orçamento deste ano.
Apesar de rumores sobre articulações políticas e tentativas de enfraquecimento da gestão, Tião afirma que mantém “relação de respeito” com a prefeita Flávia — mesmo após uma série de desentendimentos ao longo do ano.
Do outro lado da ponte, realidade oposta
Em Cuiabá, o cenário é completamente diferente.
A LOA enviada pelo prefeito Abílio Brunini (PL) zerou a verba destinada ao gabinete da vice-prefeita Vânia Rosa, que já vinha relatando dificuldades para manter até mesmo uma equipe mínima de trabalho.
Segundo Abílio, o valor não foi retirado, mas “realocado” dentro do orçamento da Secretaria de Governo, que terá R$ 109.747.228 para 2026. A pasta engloba ainda os Fundos Municipais Social Solidário e Bem-Estar Animal, além da Agência de Regulação dos Serviços Públicos.
Vânia, no entanto, afirma que não foi avisada e que não recebeu nenhum repasse além do pagamento da equipe:
“Isso me surpreende negativamente porque essa equipe mínima é paga com esse orçamento. Fora o pagamento da minha equipe, eu não recebi nada do valor anterior.”
Diante da situação, a vice-prefeita declarou que fará um requerimento ao prefeito, à Secretaria de Governo e ao próprio partido para formalizar a denúncia do corte.
Abílio respondeu dizendo que Vânia estaria equivocada e que sua declaração seria fruto de “desconhecimento sobre o assunto”. O impasse continua sem solução.
Cenário político acirrado
A diferença de tratamento entre os dois municípios evidencia o clima político tenso e as relações cada vez mais fragilizadas entre prefeitos e seus vices na reta final dos mandatos.
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Em Várzea Grande, apesar dos conflitos, o vice ganha força orçamentária.
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Em Cuiabá, a vice perde autonomia justamente no ano que antecede o ciclo decisivo para 2026.
A disputa por espaço político e estrutura administrativa deve continuar gerando tensão nos próximos meses.














