Entre os itens com potencial para isenção estão café, manga e abacaxi — produtos nos quais o Brasil é um dos principais exportadores.
Os Estados Unidos abriram uma possibilidade estratégica para países exportadores: produtos agrícolas que não são cultivados em território norte-americano poderão entrar no país com tarifa zero de importação. A sinalização foi dada pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em entrevista concedida nesta terça-feira (29) a uma emissora local, no contexto das negociações em torno das novas diretrizes tarifárias impostas pelo governo americano.
Entre os itens citados por Lutnick como possíveis beneficiários da nova política estão o café, a manga e o abacaxi — alimentos que os EUA não produzem em escala suficiente para atender à demanda interna.
“Se um país produz uma coisa que nós não produzimos, isso pode entrar com tarifa zero. Café, cacau, manga e abacaxi são bons exemplos”, afirmou o secretário.
Brasil pode ser diretamente beneficiado — mas enfrenta barreira
A notícia pode representar uma importante janela de oportunidade para o Brasil, que é líder global na exportação de café e também tem produção expressiva de frutas tropicais, como manga e abacaxi. No entanto, o Brasil ainda não foi citado nominalmente como um dos países com negociações avançadas com o governo norte-americano.
Pelo contrário: até o momento, o Brasil foi o país mais atingido pelas sanções comerciais, com a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os EUA, decisão anunciada no início do mês pelo presidente Donald Trump. A justificativa oficial seria relacionada à instabilidade jurídica envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu em processos penais.
A tarifa de 50% foi recebida com preocupação por empresários do setor de exportação e representantes do agronegócio, que veem o risco de perda de competitividade nos mercados internacionais.
Negociações em ritmo acelerado e prazo se encerra nesta sexta (1º)
Segundo Howard Lutnick, as negociações comerciais com a maioria dos países parceiros deverão ser concluídas até esta sexta-feira, 1º de agosto, quando está prevista a entrada em vigor das novas tarifas. Para a China, principal rival comercial dos EUA, o secretário informou que as discussões seguem em um cronograma à parte, com interlocutores exclusivos.
“Temos nossa própria equipe trabalhando com a China. Eles são um caso à parte. Mas para o resto do mundo, vamos resolver tudo até sexta-feira”, declarou.
Ainda segundo ele, não haverá novo adiamento do prazo, e a aplicação das novas tarifas será mantida conforme o planejamento. Entretanto, o governo americano não descarta a continuidade de negociações bilaterais mesmo após a implementação das medidas.
Critério técnico e geopolítico define a tarifa zero
A estratégia dos EUA com a tarifa zero para produtos não cultivados localmente visa manter o equilíbrio do abastecimento interno sem prejudicar o produtor nacional, já que esses produtos não competem com a agricultura americana. Essa abordagem também serve como instrumento diplomático, permitindo que os EUA construam acordos comerciais mais seletivos e estratégicos com parceiros específicos.
O movimento, segundo analistas, tem também um componente geopolítico, ao incentivar países aliados a manterem relações econômicas mais estreitas com Washington em meio a um cenário internacional cada vez mais tensionado, especialmente após as sanções contra China, Brasil e outros países.
Oportunidade para o Brasil?
Embora ainda fora da lista de beneficiários diretos, o Brasil pode se posicionar diplomaticamente e comercialmente para negociar condições mais favoráveis, principalmente nos setores em que possui clara vantagem comparativa, como o café, o cacau, frutas tropicais e produtos florestais.
No entanto, fontes ligadas ao Itamaraty sinalizam que qualquer avanço nesse sentido dependerá de uma reaproximação institucional entre os governos brasileiro e norte-americano, o que ainda não ocorreu de forma concreta, especialmente em função de divergências recentes.
Resumo dos principais pontos:
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EUA devem aplicar tarifa zero a produtos agrícolas não cultivados no país;
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Produtos como café, manga, cacau e abacaxi foram citados como exemplos;
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Brasil é grande exportador desses itens, mas enfrenta tarifa de 50% nas exportações;
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Prazo para definição de acordos termina nesta sexta-feira (1º de agosto);
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China segue em negociação separada com equipe própria;
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Estratégia visa proteger produtores locais e manter abastecimento interno, ao mesmo tempo que fortalece alianças políticas.
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