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Facções enterram 33 corpos em 6 cemitérios clandestinos em Mato Grosso; investigações revelam padrão de tortura e ocultação

Mais de 30 corpos foram localizados somente este ano em seis cemitérios clandestinos espalhados por Mato Grosso. Os locais, geralmente escondidos em áreas de mata fechada ou regiões rurais isoladas, são utilizados por facções criminosas para ocultar vítimas de execuções, torturas e julgamentos internos, numa estratégia de intimidação e controle territorial.

Segundo dados da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), já foram concluídas 47 identificações de cadáveres encontrados em cemitérios clandestinos nos últimos anos. Ainda assim, 70 restos mortais seguem sem identificação, armazenados no sistema de perfis genéticos Codis (Combined DNA Index System). Somente em 2024 e 2025, 168 famílias entregaram amostras de DNA na tentativa de localizar parentes desaparecidos.

Confresa: dois corpos descobertos após meses de investigação

Um dos casos mais recentes ocorreu em 3 de dezembro, em Confresa. Após meses de levantamentos, cruzamento de dados e monitoramento de movimentações suspeitas, a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) chegou a uma área de mata na região da Cachoeira da Onça, apontada como possível ponto de desova.

No local, duas covas foram encontradas. Ambos os corpos permanecem sem identificação. Um deles apresentava decapitação, reforçando a hipótese de execução com extrema violência, possivelmente motivada por conflitos internos da facção ou ordens diretas do chamado tribunal do crime.

Várzea Grande: série de descobertas expõe violência sistemática

Várzea Grande concentrou vários casos graves ao longo do ano:

  • Março: quatro corpos foram retirados de um cemitério clandestino no bairro Pirinéu.
    Dois deles pertenciam a trabalhadores maranhenses desaparecidos após chegarem à cidade para trabalhar.

  • Dias depois, no mesmo local, foram encontrados os corpos de um pai e filho desaparecidos desde dezembro de 2024.

No início de janeiro, outra área de desova foi descoberta em uma região próxima ao Complexo Predinhos, entre os bairros São Mateus e Residencial São Benedito, onde três vítimas foram identificadas.

Em agosto, ainda em Várzea Grande, a polícia encontrou o corpo de um jovem alagoano enterrado no Residencial Izabel Campos, reforçando o padrão de atuação da facção na região.

Lucas do Rio Verde e Rondonópolis: os maiores cemitérios do ano

As descobertas mais impactantes aconteceram no início do ano:

  • Janeiro – Lucas do Rio Verde:
    12 corpos foram encontrados em um único cemitério clandestino.
    A polícia atribui o local ao Comando Vermelho (CV), que teria utilizado a área desde 2022.

  • Fevereiro – Rondonópolis:
    11 corpos foram localizados em outro cemitério clandestino.
    As investigações apontam que as vítimas eram, em sua maioria, usuários de drogas punidos por descumprirem regras internas da facção dominante. Muitos passaram por sessões de tortura e execuções sumárias.

Estratégia criminal e controle territorial

A descoberta desses cemitérios revela uma prática cada vez mais adotada por facções que atuam no Estado:
ocultar corpos para eliminar rastros, impor medo, fortalecer a disciplina interna e expandir domínio territorial.

As áreas são escolhidas por serem isoladas, de difícil acesso e com pouca circulação de pessoas — o que dificulta investigações e atrasa a descoberta dos corpos.

A polícia segue investigando todos os casos, cruzando informações de desaparecimentos, DNA, histórico de facções e rotas utilizadas pelo crime organizado.

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Cuiabá-MT 14.12.2025 12:18

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