A proposta do Governo de Mato Grosso de avaliar a possibilidade de contratação de policiais militares temporários gerou ampla repercussão nos últimos dias. A medida, que chegou a ser formalizada por meio da Portaria nº 27/GCG/PMMT/2025, publicada no boletim interno da Polícia Militar, visava instituir uma comissão para estudar a viabilidade de implantar esse modelo no estado. Contudo, diante das críticas de especialistas e parlamentares, o governo decidiu cancelar os estudos.
Em vídeo publicado nesta quinta-feira (17), o comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Fernando, afirmou que a ideia foi oficialmente descartada. “Essa proposta foi trazida para o Estado de Mato Grosso e, ao ser apresentada ao governador Mauro Mendes, ela foi cancelada. Esses estudos não irão acontecer aqui. Essa proposta não irá prosperar”, declarou.
O comandante também destacou que o governo já possui concursos em andamento e que as convocações continuarão seguindo o modelo atual. “Existe uma forma de fazer concurso aqui no Estado e o modo como o governador Mauro Mendes conduz a segurança pública será mantido”, reforçou.
Críticas e preocupações com a segurança pública
Entre os principais críticos da proposta, o ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, afirmou que a contratação de policiais temporários é inconstitucional e pode representar riscos à segurança pública. Segundo ele, experiências semelhantes em outros estados, como no Rio de Janeiro, não tiveram êxito.
“Vários policiais temporários, ao terminarem seu contrato, foram assediados para entrar em organizações criminosas. Isso porque receberam treinamento e informações estratégicas dentro da corporação e, após o fim do vínculo, retornaram à sociedade sem respaldo institucional”, alertou.
O ex-comandante ainda ressaltou que o Estado já possui um número considerável de candidatos aprovados em concurso e aguardando convocação, o que, segundo ele, tornaria a medida desnecessária.
Posicionamento do Legislativo
O deputado estadual Elizeu Nascimento também se posicionou de forma contrária à proposta, classificando-a como inconstitucional. Ele defendeu que o governo mantenha a realização de concursos públicos como forma legal e adequada de ingresso na carreira militar.
Portaria previa comissão para estudos
A proposta foi formalizada por meio da Portaria nº 27, datada de 14 de julho de 2025, que instituía uma comissão composta pelo coronel José Nildo Silva de Oliveira e pelo tenente-coronel Alessandro Gonçalves Guimarães Ferreira. A comissão teria a missão de elaborar os estudos para implementação da figura do policial militar temporário em Mato Grosso.
Apesar da intenção inicial, o recuo do governo encerra a possibilidade de implantação desse modelo no estado — ao menos neste momento — reafirmando o compromisso com a estruturação da segurança pública por meio de concursos e formação de carreira.















