Por Alex Rabelo – Jornalista e Analista Político | MT Urgente News
CUIABÁ (MT) – A deputada estadual Janaina Riva (MDB) vive um momento decisivo na sua trajetória política.
Mesmo mantendo o discurso firme de que será candidata ao Senado Federal em 2026, os bastidores indicam que a “Mulher-Maravilha da política mato-grossense” enfrenta uma série de obstáculos que podem redefinir seus planos — e até mesmo forçar um recuo estratégico para a disputa à reeleição na Assembleia Legislativa.
As peças começam a se mover em um tabuleiro político cada vez mais apertado, onde as alianças, a força dos grupos e os cálculos de sobrevivência passam a falar mais alto.
E tudo isso quando as eleições de 2026 ainda estão só no começo.
Discurso firme, mas terreno instável
Desde que assumiu o comando do MDB em Mato Grosso, Janaina Riva tem reafirmado publicamente que o partido terá candidatura própria ao Senado.
“O MDB está unido, e vamos disputar com força. Não dependemos de ninguém para fazer política”, afirmou recentemente, em tom confiante.
Mas, por trás dessa segurança, a realidade é bem mais complexa.
Nos corredores da política estadual, cresce o número de aliados e analistas que acreditam que Janaina poderá rever sua decisão e disputar novamente uma vaga na Assembleia.
O motivo? O isolamento político, o enfraquecimento interno do MDB e o cerco silencioso promovido pelo grupo do governador Mauro Mendes (União Brasil).
O boicote silencioso do Palácio Paiaguás
Janaina Riva se tornou um dos principais alvos políticos do governo Mauro Mendes.
Desde que decidiu assumir posição independente e disputar espaços de poder, foi deixada de fora da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa (ALMT) e passou a ver suas emendas parlamentares sendo pagas a conta-gotas, diferente de outros deputados da base governista.
Essa estratégia, que muitos consideram uma forma de pressão política, tem como objetivo reduzir sua influência e enfraquecer seu projeto majoritário.
Apesar disso, Janaina evita embates diretos com o governador, mantendo uma postura de equilíbrio — uma marca que a consolidou como uma das líderes mais respeitadas da política estadual.
MDB dividido e sem comando coeso
Embora presida o MDB em Mato Grosso, Janaina enfrenta dificuldades para unificar o partido.
Na Assembleia Legislativa, três parlamentares da sigla — Dr. João José, Thiago Silva e Juca do Guaraná — continuam ligados ao governo Mauro Mendes, com cargos e acordos políticos mantidos.
Na votação que aprovou o reajuste de 6,38% aos servidores do Tribunal de Justiça (TJMT), por exemplo, os três votaram contra a orientação da própria presidente estadual do partido.
Enquanto isso, no cenário nacional, os deputados federais Juarez Costa e Emanuelzinho articulam deixar o MDB em busca de partidos com melhores alianças e palanques para 2026.
O resultado é um partido rachado, enfraquecido e com poucas perspectivas de crescimento, justamente no momento em que deveria se fortalecer para a próxima eleição.
Sem palanque e sem alianças sólidas
O isolamento político do MDB é um dos principais desafios de Janaina.
De um lado, o grupo do governador Mauro Mendes e do vice Otaviano Pivetta (Republicanos) domina a máquina pública e se movimenta com força para manter o poder.
De outro, o PL de Wellington Fagundes consolida o palanque da direita com apoio do bolsonarismo.
Sem espaço nas duas frentes e com restrições internas a alianças com partidos de centro-esquerda, o MDB ficou sem palanque claro e sem campo de manobra.
Isso coloca o projeto de Janaina ao Senado em uma posição delicada, sem sustentação partidária e sem alianças regionais capazes de garantir competitividade.
Bastidores apostam em recuo estratégico
Nos bastidores da política mato-grossense, cresce a avaliação de que Janaina pode mudar de rota.
A aposta é que ela decida disputar novamente uma vaga na Assembleia Legislativa, adotando o discurso de que quer “fortalecer o MDB e puxar votos para a chapa”.
Essa narrativa permitiria à deputada manter influência, preservar sua base e continuar no centro das decisões, mesmo sem concorrer a uma cadeira no Senado.
“Janaina é pragmática e sabe que política se vence com estratégia. Se for para salvar o partido e garantir espaço, ela recua com classe e volta ainda mais forte”, afirmou um aliado próximo da parlamentar.
A força e o desafio de ser “Mulher-Maravilha”
Janaina Riva construiu sua imagem como uma líder combativa, técnica e articulada, capaz de transitar entre grupos e negociar com firmeza.
Mas, neste novo cenário, enfrenta uma disputa que exige mais do que influência — exige resistência e recalculagem de rota.
Ela sabe que, em política, nem sempre vence quem avança mais, mas quem sabe o momento certo de recuar.
Mesmo assim, segue mantendo o discurso firme, reafirmando que será candidata ao Senado e que o MDB terá protagonismo em 2026.
Nos bastidores, porém, lideranças já discutem um novo caminho para a parlamentar, com a meta de reeleger-se deputada estadual e liderar a formação da maior bancada feminina e emedebista da ALMT.
2026: o jogo apenas começou
O que hoje parece indefinido é, na verdade, apenas o início de uma corrida que promete reviravoltas, alianças improváveis e disputas acirradas.
Enquanto o governador Mauro Mendes trabalha pela continuidade com Pivetta, e Wellington Fagundes tenta reorganizar a direita, Janaina Riva luta para manter o MDB vivo e relevante.
E, se tem algo que a história política mato-grossense já mostrou, é que nunca se deve subestimar a força e a estratégia de Janaina Riva.
As eleições de 2026 ainda estão só começando — mas os movimentos que acontecem agora já definem quem estará no topo e quem ficará pelo caminho.
E, mais uma vez, a “Mulher-Maravilha do MDB” se prepara para decidir o próximo capítulo da sua trajetória.














