Mato Grosso permanece em estado de alerta devido às baixas taxas de imunização e ao risco de reintrodução de doenças que já haviam sido erradicadas no Brasil, como o sarampo, que neste ano já contabiliza três casos confirmados no estado e outros 70 em investigação.
A baixa adesão às vacinas compromete a saúde coletiva e pode abrir espaço para o retorno de enfermidades graves como a rubéola e a poliomielite, que durante décadas foram controladas por meio de campanhas nacionais de vacinação.
Cobertura vacinal abaixo da meta
Dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde, revelam um cenário preocupante: das 19 vacinas consideradas prioritárias do nascimento até o primeiro ano de vida, apenas duas alcançaram a meta de cobertura em Mato Grosso:
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BCG (98,89%)
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Hepatite B para menores de um mês (96,72%)
Já a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está com apenas 69% de cobertura, quando o ideal seria 95% para garantir a chamada imunidade coletiva.
No caso da poliomielite, a taxa de vacinação é de 79,43%, também abaixo do mínimo recomendado. Especialistas alertam que esse quadro pode colocar em risco principalmente crianças pequenas e pessoas com o sistema imunológico comprometido, revertendo avanços históricos no controle de doenças infecciosas.
Campanha Nacional de Multivacinação
Para tentar reverter o cenário, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Multivacinação, voltada para crianças e adolescentes de até 15 anos. A ação começou na última segunda-feira (6) e segue até 31 de outubro, com o Dia D de mobilização nacional marcado para 18 de outubro.
Durante a campanha, todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação 2025 estarão disponíveis, incluindo imunizantes contra a poliomielite e a covid-19, contemplando tanto as doses de rotina quanto as de reforço.
Risco de reintrodução de doenças
Segundo a infectologista Ana Karla Anunciação, doenças como o sarampo e a poliomielite continuam endêmicas em outros países, o que aumenta a necessidade de manter altas taxas de cobertura vacinal no Brasil.
“Estamos com um alto risco de reintrodução de doenças, da mesma forma que ocorreu com o sarampo, justamente porque não alcançamos as metas mínimas de imunização. É urgente recuperar os índices para proteger a população”, reforça.
Desafio para a saúde pública
O cenário exige resposta rápida e efetiva das autoridades de saúde, com intensificação das campanhas de conscientização e ampliação da oferta de vacinas em todo o estado. Caso contrário, especialistas alertam que décadas de conquistas no combate a doenças infecciosas podem ser perdidas, trazendo novamente ameaças à vida de milhares de pessoas.














