Mato Grosso é o segundo estado do Brasil com o maior número de garimpos ilegais, atrás apenas do Pará. Segundo o estudo “Cartografias da Violência na Amazônia”, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado registrou 59 casos de garimpos ilegais em 2023, representando um aumento alarmante de 68,6% em relação a 2022, quando houve 35 registros.

Entre 2018 e 2023, houve um crescimento de 90,3% na extração de recursos minerais sem autorização no estado, passando de 31 para 59 casos anuais. Nesse período de seis anos, Mato Grosso acumulou 283 registros de garimpos ilegais.

Investigações e Impactos

De 2018 a 2023, a Polícia Federal instaurou 286 inquéritos sobre extração ilegal de recursos minerais em Mato Grosso e 366 por usurpação de bens da União. Esses números destacam o papel central das investigações federais no combate aos crimes ambientais, que muitas vezes estão associados a redes criminosas maiores.

Em 2023, o Brasil teve 319 inquéritos sobre extração de minério sem autorização e 346 por usurpação de bens da União. O estudo aponta que atividades ilícitas como mineração ilegal têm impacto direto na consolidação de organizações criminosas, que utilizam práticas como pesca e exploração mineral para transporte de mercadorias, lavagem de dinheiro e domínio de territórios.

Pressão nas Áreas Indígenas

O Boletim de Monitoramento de Pressões e Ameaças às Terras Indígenas na Bacia do Rio Juruena, da Operação Amazônia Nativa (Opan), revelou que a mineração intensificada ameaça a sociobiodiversidade da maior bacia hidrográfica de Mato Grosso.

Entre 2018 e 2024, o número de processos minerários na região aumentou 61,25%, saltando de 782 para 1.261. Dos 2.756 cursos d’água analisados, 954 (34,61%) estão diretamente intersectados com esses processos, colocando em risco a saúde dos rios e da biodiversidade local.

Reflexão

Os dados ressaltam a urgência de políticas mais eficazes e ações coordenadas para combater a mineração ilegal, protegendo não só o meio ambiente, mas também as comunidades e economias locais afetadas por essas atividades.