Cuiabá está prestes a decretar estado de calamidade financeira, enfrentando uma das piores crises fiscais da história recente do município — com atrasos em pagamentos, cortes de serviços essenciais e insatisfação crescente entre servidores públicos. Mesmo assim, a Câmara Municipal aprovou, nesta terça-feira (13), um projeto que autoriza o uso de recursos públicos para custear uma viagem internacional de políticos a Xangai (China) e Dubai (Emirados Árabes Unidos).
O projeto de resolução cria uma comissão temporária de vereadores para representar o Legislativo em dois eventos internacionais previstos para o fim de 2025.
A proposta foi aprovada em meio a um cenário de contenção orçamentária, em que a própria Prefeitura admite dificuldades para honrar compromissos básicos e reduzir gastos com folha e contratos.
Momento inoportuno
A decisão da Câmara gerou forte repercussão entre servidores e na população, que questionam a necessidade e o timing da medida.
Embora a participação do prefeito possa ter relevância institucional e estratégica — especialmente em busca de parcerias e investimentos internacionais — a inclusão de vereadores na comitiva levanta dúvidas sobre a real prioridade do gasto público neste momento.
Em um cenário de aperto nas contas e demandas urgentes na saúde, educação e infraestrutura, a pergunta que ecoa entre os contribuintes é direta:
“Será que essa despesa é mesmo inevitável? Não seria hora de dar o exemplo e cortar gastos supérfluos?”
Crise e contradições
Enquanto a administração municipal alerta para a escassez de recursos, servidores cobram pagamentos atrasados, melhores condições de trabalho e mais transparência nos gastos. A aprovação da viagem, portanto, soa como uma decisão desconectada da realidade financeira e social da capital mato-grossense.
Cuiabá enfrenta um momento decisivo, em que cada real gasto com verba pública precisa ser justificado com responsabilidade. A sociedade cobra coerência — e espera que o exemplo venha de cima.














