Em meio a uma crise de relacionamento com o vice-prefeito Tião da Zaeli (PL) e com parte da Câmara Municipal, a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), sancionou uma Lei Complementar que amplia cargos, cria novas funções e concede verbas indenizatórias no Legislativo municipal.
A medida, publicada na última terça-feira (18), entra em vigor imediatamente. Mas levanta uma pergunta incômoda: uma prefeitura que alega falta de recursos, com tantos desafios urgentes, deveria priorizar esse tipo de gasto agora? Ou seria essa apenas mais uma jogada política em meio a uma administração em clima tenso?
Entenda ponto a ponto o que mudou:
✅ 1. Alteração de nomenclatura de cargo
O cargo de chefe de protocolo parlamentar foi renomeado para gerente de protocolo parlamentar. O salário continua em R$ 1.800, mas a alteração abriu brecha para futuras reestruturações internas.
✅ 2. Criação de 7 novos cargos técnicos
-
1 cargo de Assessor Técnico Parlamentar II – salário: R$ 3.500
-
6 cargos de Assessor Técnico Parlamentar I – salário: R$ 5.000 cada
Essa movimentação pode custar mais de R$ 33 mil mensais aos cofres públicos, sem contar os encargos e benefícios adicionais.
✅ 3. Verbas indenizatórias para chefias
-
Coordenador-Geral de Gabinete da Presidência – passa a receber R$ 1.500 extras
-
Chefe de Gabinete da Presidência – passa a receber R$ 1.000 extras
Tudo sob a justificativa de que os cargos exigem maior dedicação e responsabilidade. Mas a pergunta permanece: É o momento certo para esse tipo de incremento?
✅ 4. Criação de cargos jurídicos com salários robustos
-
Assessor Especial do Gabinete do Procurador-Geral da Câmara – salário: R$ 6.500 + verba indenizatória. Requisito: ser advogado com registro na OAB.
-
Consultor Técnico Jurídico – salário: R$ 7.100. Também exige formação em Direito e registro na OAB.
⚖️ Prioridades em cheque
A aprovação da medida acontece em meio a críticas à gestão de Moretti, que enfrenta resistências internas desde o início do mandato. A prefeita e o vice estão rompidos, e parte da Câmara Municipal questiona sua postura à frente do Executivo.
Mesmo assim, a prefeita decidiu seguir com uma reestruturação administrativa no Legislativo que pode gerar um impacto financeiro expressivo. Internamente, a justificativa é que as mudanças são “técnicas” e visam melhorar a organização administrativa. Porém, o momento e o contexto político colocam em dúvida as reais motivações da medida.
❓Mas afinal, com tantas demandas urgentes na cidade, era mesmo hora de aumentar gastos com cargos e benefícios?
Enquanto bairros enfrentam problemas de infraestrutura, saúde pública e falta de serviços básicos, a movimentação levanta suspeitas sobre o foco da gestão municipal. É eficiência administrativa ou um novo capítulo da velha política de alianças e acomodações?
A população e os servidores públicos seguem atentos — e a oposição promete questionar os impactos financeiros da nova lei nas próximas sessões da Câmara.