Secretário Marcelo Oliveira admite falta de mão de obra e cronograma apertado, mas afirma que o modal será concluído em Cuiabá e Várzea Grande.
Por Alex Rabelo – Jornalista | MT Urgente News
Publicado em 20 de outubro de 2025
Mais de um ano após o início das obras, o sistema BRT (Bus Rapid Transit) continua sendo motivo de reclamações e transtornos em Cuiabá e Várzea Grande. Ruas parcialmente interditadas, lentidão no trânsito e queda no movimento do comércio são reflexos diretos do atraso nas frentes de trabalho, que ainda avançam em ritmo lento.
Nesta segunda-feira (20), o secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Oliveira, compareceu à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para prestar esclarecimentos sobre o andamento das obras. A convocação foi feita pelo deputado Lúdio Cabral (PT), após sucessivos descumprimentos de prazos e reclamações de moradores e empresários das regiões afetadas.
Obras atrasadas e comércio prejudicado
O secretário foi questionado sobre o não cumprimento do acordo que previa a conclusão do trecho entre o Crea-MT e o Hospital de Câncer até o fim de agosto.
Empresários e motoristas relatam que as intervenções nas avenidas do CPA, Prainha, Tenente-Coronel Duarte, Fernando Corrêa e na avenida da FEB, em Várzea Grande, têm causado prejuízos e confusão no tráfego.
“O impacto é enorme, tanto para quem precisa se deslocar quanto para o comércio. Muitos estabelecimentos tiveram queda nas vendas e dificuldades de acesso de clientes e fornecedores”, afirmou um comerciante da Prainha, que preferiu não se identificar.
O deputado Lúdio Cabral reforçou que vai acompanhar de perto o andamento dos trabalhos.
“As explicações foram apresentadas, mas cabe a nós fiscalizar e cobrar. A população já espera há tempo demais e precisa de resultados concretos”, disse.
Governo promete entrega total até julho de 2026
Marcelo Oliveira garantiu que todas as etapas do BRT em Cuiabá e Várzea Grande serão concluídas até julho de 2026. Segundo ele, o novo contrato está orçado em R$ 156 milhões e o cronograma, apesar de apertado, segue dentro do previsto.
“As obras estão andando. Se houver necessidade de ajustes, serão prazos curtos. O objetivo é entregar tudo até julho de 2026”, afirmou o secretário.
O deputado Lúdio informou que vai propor novas audiências públicas em três e seis meses para verificar o avanço das frentes de trabalho e garantir o cumprimento da promessa do governo.
Falta de mão de obra e trabalho noturno limitado
Durante a audiência, Marcelo Oliveira reconheceu que a principal dificuldade enfrentada pelas empresas é a falta de profissionais especializados.
Segundo ele, o problema é nacional e tem impedido que as obras sejam executadas em três turnos, como planejado.
“Há escassez de mão de obra qualificada. Isso ocorre não só em Mato Grosso, mas em todo o Brasil. Estamos ajustando os horários para ampliar a produtividade, realocando parte das equipes para o período noturno”, explicou.
Ele destacou ainda que a logística urbana também impacta o ritmo dos trabalhos.
“Durante os horários de pico, precisamos interromper concretagens e transportes de material para não travar ainda mais o trânsito. Em alguns casos, um caminhão de concreto leva até 40 minutos para chegar ao canteiro de obras”, relatou.
População cansada e expectativa crescente
Enquanto o governo tenta ajustar cronogramas e contratos, a paciência da população diminui.
Motoristas enfrentam congestionamentos diários e comerciantes cobram agilidade e planejamento para minimizar os prejuízos.
Apesar das críticas, o secretário mantém o compromisso de que o BRT será concluído dentro do novo prazo, e que o sistema trará modernização ao transporte coletivo da região metropolitana de Cuiabá.
“A população cuiabana e várzea-grandense já esperou demais. Agora, é nossa obrigação concluir e entregar o que foi prometido”, garantiu Marcelo Oliveira.
Entenda o que falta no BRT
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Trecho entre Sefaz e ponte do rio Cuiabá: em execução; prazo até fevereiro de 2026.
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Licitação dos terminais e estações: em andamento.
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Trecho da Avenida Fernando Corrêa: nova licitação prevista em 45 dias, com execução em 12 meses.
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Entrega final do sistema: julho de 2026.
Enquanto o governo garante que o BRT será entregue dentro do prazo, a realidade nas ruas é outra: obras lentas, trânsito congestionado e comerciantes impacientes.
A promessa é de um transporte moderno e eficiente — mas, até lá, os cuiabanos continuam enfrentando os efeitos de uma obra que já dura mais do que o planejado.














