A crise no setor leiteiro de São José dos Quatro Marcos (MT) atingiu um novo e tenso capítulo nesta quarta-feira. Exaustos após meses de atrasos e sem resposta do Laticínio Vencedor, dezenas de produtores se reuniram em frente à empresa, fecharam a entrada do local e decidiram permanecer ali até que uma solução concreta seja apresentada.
O protesto acontece após a empresa, que está em recuperação judicial, acumular atrasos de três, quatro e até cinco meses no pagamento pelo leite entregue diariamente pelos produtores — uma atividade que não tem pausa, exige trabalho de domingo a domingo e sustenta centenas de famílias na região.
Produtores ocupam a frente da empresa e bloqueiam acesso
Desde as primeiras horas da manhã, produtores estacionaram caminhonetes, tratores e motocicletas na entrada do laticínio, impedindo a movimentação de funcionários e veículos.
O clima é de indignação e desespero.
“Nós viemos trabalhar, não viemos brincar. Estamos aqui porque não temos mais como manter nossas propriedades. Se eles não pagam, como vamos continuar?”, disse um produtor que participa do protesto.
A categoria afirma que só vai liberar a entrada da empresa quando houver:
- Um compromisso formal de pagamento
- Um cronograma claro e público para quitação das dívidas
- Transparência sobre o andamento da recuperação judicial
Trabalho diário, contas acumuladas e nenhuma previsão de pagamento
A rotina no campo não permite descanso. Todos os dias, cedo da manhã e no fim da tarde, a ordenha acontece. É ração, energia, mão de obra, medicamentos e manutenção constante do rebanho.
Mesmo assim, muitos produtores estão há 120 a 150 dias sem ver um centavo do leite entregue.
Algumas propriedades já acumulam dívidas superiores a R$ 150 mil, e há produtores que ameaçam abandonar a atividade caso a situação continue.
“A vaca não entende o que é recuperação judicial. O leite não espera. Mas o pagamento está sempre sendo empurrado para depois”, desabafou outro manifestante.
Manifestação pacífica, mas firme: “Não vamos sair até pagar”
A mobilização é pacífica, mas decidida.
Com cartazes, faixas e a presença de famílias inteiras, os produtores afirmam que não há mais espaço para diálogos vazios.
“Chega de promessa. Se o laticínio não paga, o produtor quebra. E quem quebra não volta”, disse uma produtora, emocionada.
Os manifestantes destacam ainda que a recuperação judicial tem servido como justificativa para atrasos, mas na prática está penalizando justamente quem mantém a cadeia produtiva viva.
Região inteira pode se unir ao movimento
Após o bloqueio da entrada da empresa, produtores de municípios vizinhos já sinalizaram que devem reforçar a mobilização.
O protesto pode ganhar força regional nos próximos dias, reunindo dezenas de fornecedores que enfrentam o mesmo problema com o Laticínio Vencedor.
A intenção é pressionar por:
- Pagamento imediato
- Demonstração financeira da empresa
- Garantias mínimas para quem continuar fornecendo
Empresa segue em silêncio
Até o momento, o laticínio não emitiu nota, não se pronunciou sobre o protesto e não apresentou nenhum cronograma para quitar as dívidas.
Enquanto isso, famílias que trabalham sem descanso — de sol a sol, de domingo a domingo — seguem sem previsão de quando vão receber pelo produto que entregaram há meses.
Crise ameaça o coração da economia rural de Quatro Marcos
O setor leiteiro é uma das bases econômicas da cidade, e a continuidade dos atrasos pode gerar:
- Abandono da atividade por pequenos produtores
- Redução de rebanhos
- Falência de propriedades
- Queda econômica no comércio local
- Desemprego na zona rural
O risco é de um colapso estrutural, caso nenhuma medida urgente seja tomada.
veja o vídeo:
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