Senador enfrenta isolamento dentro do grupo governista, enquanto nomes como Mauro Mendes, Janaina Riva e Carlos Fávaro ganham força para o Senado. Disputa interna pode fragilizar a base do União Brasil.
O cenário político de Mato Grosso para as eleições de 2026 tem como um dos principais pontos de tensão o futuro do senador Jaime Campos (União Brasil). Nome histórico da política estadual, com passagens pelo Governo do Estado, Prefeitura de Várzea Grande e pelo Senado, Jaime hoje enfrenta um paradoxo: sua experiência o credencia a disputar qualquer cargo majoritário, mas dentro do grupo do governador Mauro Mendes parece cada vez mais isolado.
De aliado estratégico a figura secundária
Em 2018, Jaime foi peça-chave para a vitória da atual composição do União Brasil, quando uniu forças com Mauro Mendes e Carlos Fávaro. À época, vestiu a camisa, pediu votos e ajudou a consolidar o bloco que comanda o Estado até hoje.
De lá para cá, entretanto, o trio se distanciou. Mendes se consolidou como principal liderança, Fávaro ganhou projeção nacional ao assumir o Ministério da Agricultura no governo Lula, e Jaime passou a ter menos espaço nas grandes decisões do grupo.
Hoje, quando naturalmente poderia ser cogitado como candidato à sucessão de Mendes ou à reeleição no Senado, encontra resistências dentro do próprio partido.
O Senado e o risco da divisão de votos
As eleições de 2026 terão duas vagas ao Senado. Analistas avaliam que uma delas deve ser ocupada por Janaina Riva (MDB), que vem crescendo nas pesquisas e conquistando espaço político.
A outra vaga tende a ser disputada entre Carlos Fávaro, que deve consolidar o eleitorado da esquerda com cerca de 25% dos votos, e nomes da direita e centro-direita. Nesse campo, aparecem Mauro Mendes, José Medeiros, Pedro Taques, Antônio Galvan e o próprio Jaime Campos.
O impasse é claro: se Jaime disputar ao Senado, pode dividir votos no campo governista e fragilizar a estratégia do União Brasil. Isso abriria espaço para a esquerda manter uma cadeira e para outra ser conquistada por um nome alternativo da direita, deixando até mesmo Mendes de fora.
A alternativa do Governo
Outra possibilidade seria Jaime lançar candidatura ao Governo do Estado, o que colocaria em xeque o projeto de Otaviano Pivetta, atual vice-governador e nome escolhido por Mendes como sucessor natural.
Nesse cenário, a base governista entraria rachada na disputa pelo Palácio Paiaguás, aumentando as chances da oposição ou de outras forças políticas capitalizarem os votos de um eleitorado dividido.
O dilema do grupo
A equação é conhecida nos bastidores: “ruim com Jaime no grupo, pior sem ele”.
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Se o União Brasil não oferecer espaço, corre o risco de vê-lo concorrer por fora, atrapalhando os planos de Mendes e Pivetta.
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Se tentar acomodá-lo, terá que redesenhar toda a estrutura da majoritária, enfrentando resistências internas.
Com uma carreira marcada pela experiência e pelo peso político, Jaime Campos ainda é considerado um fator decisivo no tabuleiro eleitoral de 2026. O desafio para o União Brasil será encontrar um caminho que evite que as divisões internas acabem fortalecendo adversários e comprometendo o projeto de continuidade no Estado.
A disputa de 2026 não será apenas entre partidos e candidatos, mas também dentro do próprio grupo que governa Mato Grosso. Jaime Campos pode ser tanto o trunfo quanto o problema para o União Brasil. O rumo da sua decisão – se ao Senado, ao Governo ou se ficará de fora – terá impacto direto no equilíbrio de forças do próximo pleito.














