A gestão do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), segue marcada por instabilidade, trocas e mudanças administrativas que deixam no ar uma pergunta recorrente nos corredores do Palácio Alencastro: quem será o próximo secretário a cair?
Nos últimos dias, Abilio promoveu uma das alterações mais significativas de seu governo: a fusão das secretarias de Educação, Cultura e Esporte e Lazer em uma única pasta. A medida foi aprovada pela Câmara Municipal em regime de urgência, com 19 votos favoráveis e apenas um contrário, do vereador Dídimo Vovô (PSB).
Segundo o prefeito, a unificação tem caráter provisório. Ele classificou a mudança como um “laboratório” do Executivo, admitindo que, caso os resultados não sejam satisfatórios, as secretarias poderão ser separadas novamente a partir de 2026.
E as fusões não param por aí. Já nesta semana, Abilio deve encaminhar à Câmara outro projeto de lei para unificar mais três secretarias: Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico.
Argumento econômico
O prefeito justifica as fusões como estratégia de redução de despesas. Para ele, ao concentrar a parte administrativa e orçamentária em uma única secretaria, é possível reduzir custos com contratos e otimizar recursos.
“Quando a gente compatibiliza, ou seja, junta a parte sistêmica das secretarias, reduzimos despesas. Contratos de fotocopiadora, contratos de veículos, passam a ser um contrato só. Mais econômico, mais eficiente, e a gestão de recursos se torna mais racional”, declarou Abilio.
Apesar da unificação de orçamentos e da gestão administrativa, o prefeito reforça que as funções dos secretários permanecem separadas.
“Secretário de esporte cuidará somente do esporte. Cultura só trata de cultura, Educação só com educação. Cada um, dentro do seu conhecimento, executa as políticas públicas da área”, completou.
Insegurança e instabilidade
Na prática, a série de mudanças reforça a percepção de que a gestão Abilio vive em permanente reestruturação. Cada nova decisão relança um clima de insegurança entre os secretários e auxiliares diretos, que se perguntam diariamente: “Estamos agradando? Estamos entregando o que o prefeito espera? Ou seremos os próximos a sair?”
Essa instabilidade compromete o planejamento de médio e longo prazo. Como consolidar projetos e políticas públicas se as estruturas mudam o tempo todo? Como dar continuidade às ações se o desenho administrativo é refeito a cada semestre?
O futuro incerto
A unificação das secretarias foi aprovada rapidamente, em regime de urgência, após tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, onde recebeu parecer favorável de constitucionalidade e legalidade. A leitura foi feita pelo líder do prefeito, vereador Dilemário Alencar (União), e teve apoio de nomes como Marcrean Santos (MDB).
No entanto, a dúvida continua: se a medida é provisória e outras fusões já estão a caminho, até onde vai essa estratégia de “laboratório”?
Enquanto os discursos falam em economia e eficiência, o que se vê na prática é um ambiente de incerteza permanente — para secretários, servidores e para a própria cidade.














