O que era para ser um encontro institucional se transformou em um momento de desconforto político. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi vaiado por parte do público ao participar nesta terça-feira (20) da 26ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, evento que reuniu mais de 12 mil prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais.
Ao subir ao palco, Lula foi recebido com aplausos tímidos e vaias sonoras, em um claro sinal de insatisfação e cobrança por parte dos gestores municipais. Diante do constrangimento, o presidente reagiu:
“Duvido que tenha um prefeito, de qualquer partido, que possa dizer que não foi atendido por este governo. Eu não atendo partido, atendo o povo.”
A fala não convenceu a todos. O clima no auditório seguiu dividido, com reações frias, expressões fechadas e até mesmo gestores deixando o local.
Prefeitos desconfortáveis e críticas abertas
Longe do tom festivo de outros anos, o evento ganhou contornos de pressão política. Prefeitos cobraram o governo federal por promessas não cumpridas, atrasos em repasses e burocracias que dificultam o acesso a recursos.
A crítica mais dura veio do próprio presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, que atacou decisões do STF e afirmou que as novas exigências de transparência nas emendas têm travado a execução de projetos nos municípios.
“Agora o deputado promete e não entrega, porque precisa apresentar projeto, justificar… limita tudo.”, reclamou.
Lula alfineta, mas não convence
Lula reagiu, mas seu discurso teve efeito limitado. Tentando minimizar as críticas, ironizou o presidente da CNM:
“Este ano, o Ziulkoski está mais inflamado… Nos anos anteriores ele parecia mais calmo.”
A tentativa de desviar o foco gerou reações ainda mais negativas. Muitos viram a fala como desdém diante das dificuldades enfrentadas pelos municípios, que sofrem com escassez de recursos e excesso de exigências burocráticas.
Defesa do governo em meio a desconfiança
Lula também defendeu o ministro da Casa Civil, Rui Costa, acusado por prefeitos e parlamentares de centralizar decisões e atrasar liberações.
“Todos vocês têm alguém assim no município. Alguém que organiza, cobra e garante que as coisas funcionem.”
Mesmo com a defesa, o ambiente permaneceu tenso. O silêncio de boa parte do público foi interpretado como um sinal claro de desaprovação.
Imagem desgastada
A presença de Lula na Marcha dos Prefeitos escancarou um cenário de distanciamento entre o Palácio do Planalto e os gestores municipais. O presidente saiu do evento com a imagem mais arranhada do que chegou — e com o recado dado: parte da base política que já o apoiou agora demonstra insatisfação visível.















