📍 Cuiabá-MT — Por Alex Rabelo | Jornalista e Analista Político – MT Urgente News
Problema histórico no sistema de distribuição se agrava com estiagem prolongada; decreto emergencial busca acelerar soluções.
O município de Várzea Grande decretou estado de calamidade pública devido à grave crise no abastecimento de água potável, situação que há anos afeta milhares de famílias e agora se agravou com o período prolongado de estiagem.
O decreto foi publicado nesta terça-feira (21) e terá validade inicial de 180 dias, podendo ser prorrogado conforme laudos técnicos e parecer do Comitê de Gestão de Calamidade Pública.
Problema antigo que se agravou
A crise no abastecimento de água em Várzea Grande não é recente. Há anos, a população convive com falta d’água recorrente, redes antigas e equipamentos defasados.
Agora, a estiagem severa e a redução drástica na captação de água levaram o sistema ao limite, comprometendo a distribuição regular principalmente em bairros periféricos e regiões altas da cidade.
Segundo o decreto, o principal objetivo da medida é acelerar ações emergenciais para restabelecer o fornecimento mínimo de água potável à população, permitindo contratações e manutenções de forma imediata.
“O estado de calamidade não significa descuido, muito menos abandono. Pelo contrário: é uma ferramenta que nos dá condições de atuar com mais rapidez, buscando soluções emergenciais para garantir que a população continue sendo atendida”, afirmou o presidente do Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG), Coronel Zilmar Dias.
Estrutura antiga e rede sobrecarregada
Um dos principais gargalos está na Estação de Tratamento de Água (ETA) Cristo Rei, localizada na Avenida 31 de Março — uma das mais importantes unidades do município.
Os filtros da ETA passam por constantes manutenções e são sensíveis à turbidez da água captada, o que compromete a qualidade e o volume da produção.
Além disso, a falta de interligação entre as diferentes ETAs impede o remanejamento de água tratada entre bairros, tornando a gestão do sistema ainda mais complexa.
Na prática, quando uma estação reduz sua capacidade, não há como compensar o fornecimento a partir de outra região.
População sofre com rodízios e desabastecimento
Enquanto as obras estruturais não avançam, moradores continuam enfrentando rodízios, longas interrupções e baixa pressão nas torneiras, especialmente em bairros como Jardim Eldorado, Cristo Rei, Mapim, Manga e Construmat.
O DAE-VG tem atuado com caminhões-pipa e ações emergenciais, mas o volume de demanda supera a capacidade de resposta.
“Sabemos que a situação exige medidas mais profundas e definitivas, e é isso que o decreto vai nos permitir fazer com mais agilidade”, ressaltou o coronel Zilmar.
Caminho para a recuperação
Com o decreto, a Prefeitura poderá abrir crédito extraordinário, contratar serviços sem licitação emergencial e priorizar a modernização das redes e a perfuração de novos poços.
Estão previstas também ações para melhorar a captação e distribuição de água tratada, além da manutenção preventiva nas ETAs e nos principais reservatórios.
Apesar dos esforços, a solução definitiva para o abastecimento de Várzea Grande ainda depende de investimentos robustos em infraestrutura e da interligação completa do sistema, uma demanda antiga da população.
Um desafio que vem de longe
O abastecimento de água sempre foi um dos principais desafios da segunda maior cidade de Mato Grosso.
Nos últimos anos, diferentes gestões prometeram reverter o quadro, mas a falta de planejamento e o crescimento desordenado da cidade ampliaram os gargalos do sistema.
Agora, com o decreto de calamidade, o poder público tenta dar uma resposta rápida à crise, mas o desafio é enorme — e o tempo, curto.
O decreto de calamidade pública é mais do que um ato administrativo: é um pedido de socorro para um problema que já dura décadas, mas que precisa, enfim, de soluções estruturais.














